4.6.09

Além do corpo

Bundas e pernas malhadas, e peitos enormes é o modelo de mulher desejado hoje em dia, não só por olhos e hormônios masculinos, que, mesmo desconfortáveis se assanham por ver estes corpos cada vez mais nus se exibindo em um programa de domingo a tarde, mas também pelos olhos e vaidade feminina. Esse corpo escultural cheio de possíveis anabolizantes e silicone, hipnotizam. Muitas querem ser feiticeiras, mulheres - samambaia, tiazinhas... muitos babam com suas excitações decadentes diante de uma corpo bezuntado de óleo com ausência de roupas dançando freneticamente num rebolado. Ao mesmo tempo que se deliciam, se sentem tímidos diante de um corpo exageradamente bem feito por consequência de dietas rigorosas, malhação de três horas diaria e bisturi do melhor cirurgião.








A televisão faz bundas, faz tesão e frustração, porque são mulheres para olhar. Mulheres que vivem da imagem, que não podem sofrer as consequências naturais da vida, são mulheres que daqui 40 anos serão Veras Ficher se tiverem a sorte que ela, (in)felizmente, teve de ainda conseguir um papel meia boca numa novela já mais ou menos.

Sejam mulheres e não símbolos sexuais feitas só para olhar.






E eu sei que ainda existem mulheres de verdade no mundo, que não são turbinadas mas são carismáticas e inteligentes, que não vulgarizam a sua sensualidade, que não deixam de cuidar do corpo só porque comem brigadeiro de panela e batata frita. Sejam mulheres que dão valor aos pequenos gestos de demonstração de afeto, que cuidam de si e das pessoas que ama. Que adora um amor cafona com bilhetinhos românticos, com passeios de mão dadas. Que se encantam com um ato cavalheiro de seu companheiro.





Nascemos brasileiras, somos bonitas por natureza. Não estamos aqui só para sermos olhadas e desejadas, e sim, para sermos sentidas e amadas.